sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O Abrupto e os Media:

José Pacheco Pereira é um dos melhores comentadores políticos da actualidade. Independentemente de se concordar ou não com as suas opiniões.

Desde que Manuela Ferreira leite assumiu a liderança do PSD, as análises políticas de JPP ficaram, naturalmente, debilitadas pela sua proximidade com a líder do seu partido. Embora seja um homem lúcido, JPP está enredado na teia que ajudou a tecer. Não é fácil para ninguém, na sua posição e após a sua oposição ao anterior líder, conseguir manter a lucidez necessária. Não o digo de forma pejorativa ou crítica. Até compreendo.
As suas recentes posições sobre a comunicação social, que não são novas, sublinhe-se, devem ser medidas com o devido desconto. Acreditar que estamos perante uma conspiração dos media contra MFLeite é um exagero. Porém, pensar que JPP está “doido” é exagero de igual calibre.
Claro que se nota uma certa sintonia entre alguns jornalistas e o eventual futuro líder do PSD, de seu nome Passos Coelho. Não que tal signifique um apoio implícito ou explícito. Apenas significa que alguns jornalistas já dão como adquirida uma nova vitória de Sócrates e a consequente queda de Manuela Ferreira Leite. Estão a jogar na antecipação com tudo o que isso representa de risco. Consideram que a actual líder do partido já não vale uma palavra.
O problema reside no facto de, em Política (como em tantas outras coisas), nada estar garantido por antecipação. Quem sabe se o caso Freeport não resultará numa completa mudança de cenário. Não sei.
Só sei que a concentração dos meios de comunicação é um óbice à liberdade de imprensa. Só sei que o baixo consumo per capita de jornais (só para citar um exemplo) e a sua dependência da publicidade pública agrava esse problema. Mas ainda estou longe de achar que os media, em Portugal, sejam “a voz do dono”. Já estiveram mais longe, é certo. Daí não alinhar no tom exagerado de JPP.

O verdadeiro problema dos media reside nesse ponto inacreditável: os portugueses não compram jornais, preferem rádios e televisão niveladas por baixo. Enquanto persistir esta tendência, não se podem queixar de má qualidade, inexistente isenção ou qualquer eventual compadrio. É a vida, como diz o outro.

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