quinta-feira, 5 de julho de 2007

Noite de Fados no Parque Tejo...





Ainda se lembram do "Imperial ao Vivo"? Foi em 96 ou 97 que me perdi num dos mais loucos cartazes de que há memória - Smashing Pumpkins, Skin e Prodigy, tudo junto e ao vivo na alfândega do Porto. Que noites. Uma coisa de outro mundo!!!

Pois é, o cartaz de 7 de Julho de 2007 do Super Bock - Super Rock, juntando a promessa que são os Klaxons, a surpresa (para os mais desatentos) que foram os Magic Numbers e a consagração daquela que é, actualmente, uma das melhores bandas do mundo, os Arcade Fire, não ficou atrás. Longa se tornou a espera.

A época dos festivais já vai a meio. Falta o Sudoeste e Paredes de Coura. O primeiro é sempre muito bom (pelo espaço, pelo cartaz e pelo ambiente). O segundo por ter sempre uma ou duas bandas pouco conhecidas que surpreendem e pelo local.



Ao SBSR nunca tinha ido. O cartaz de Terça (7 de Julho) obrigou-me a rumar a Lisboa.
A noite prometia. Mesmo começando em pleno dia. Não nego que foi estranho ouvir os The Gift com aquela luz muito típica de Lisboa. O concerto nem começou muito bem mas aos poucos a coisa endireitou-se. A banda de Alcobaça cumpriu, sem deslumbrar. Desde o álbum de estreia que não me deslumbram, por sinal.



A seguir, para abrir as hostilidades, com a luz a desaparecer lentamente, surgem os Klaxons. Um concerto poderoso, a deixar no ar a ideia que podem vir a ter um grande futuro. Vamos ver se no próximo trabalho confirmam as nossas suspeitas.

Por esta altura, com a casa ainda dividida entre o meio cheia ou meio vazia, dependendo da perspectiva, começo a reparar nas hordas de pré-adolescentes que circulavam pelo recinto. Não sei se estiveram no anterior festival, em Oeiras, aquele que tinha o Noddy, a Leopoldina e o Bob - O Construtor, mas aparentavam lá ter estado. Será que se enganaram? O seu principal divertimento era conversar, "mensagar" e chatear quem ali foi pela música e não pelo Red Bull. Santa paciência!
Durante o concerto dos The Magic Numbers, cuja maioria das crianças presentes devia pensar que eram amigos da Floribela, era vê-los divididos entre as SMS e os "Olá, estás aqui?" - a típica pergunta idiota que merece uma resposta ainda mais idiota.



Mas vamos ao que interessa, os Magic Numbers. Que concerto! Entrega total, surpresa da banda pela recepção do público que, aos poucos, aderiu em força e se deixou contagiar. Foi mágico. Tão mágico que eles queriam continuar a tocar mas a organização não esteve pelos ajustes.

Aliás, uma palavrinha para a organização: Justo. Tudo estava justo. Os horários estavam a ser cumpridos, o recinto estava limpo, filas para comer ou para a ir ao WC nem vê-las, variedade gastronómica (até comi um crepe, vejam bem) e segurança. Pois. Infelizmente, parecia um festival estilo Mcdonalds. Tudo muito limpo, organizado e rápido mas tremendamente sensaborão. Daquelas coisas que se pode levar a mãezinha. O espírito da coisa ficou em casa ou apenas vai ao sudoeste? Estranho.



A noite já invadira totalmente o recinto quando entraram os Bloc Party. Humm. Esperava mais. A criançada adorou. Muitos deles só lá foram pelos Bloc Party (e pelo Noddy que se baldou). Confesso que não me entusiasmaram. A culpa, se calhar, nem foi deles. Foi dos Magic Numbers que estiveram em grande e os ofuscaram. Provavelmente. Há bandas que precisam de provar em palco as qualidades do seu trabalho de estúdio. Para que não fique a ideia de falso. Vamos dar o benefício da dúvida.



Mas o dia, a noite, era dos Arcade Fire. Durante o final de tarde reparei num grupo de "festivaleiros" com U2 Portugal.com escrito nas t-shirts e nalguns solitários envergando os mesmos U2 nas camisolas. Pois é, quem acompanhou a Vertigo Tour, ficou a conhecer os Arcade Fire e quem os conhece, nunca mais esquece. O aproximar da entrada das estrelas da noite sentia-se na zona dos comes e bebes que, lentamente, ficava às moscas, abandonando a "Big Pita" e a "Atachadinha", tendas de bom comer, para deglutir algo de superior quilate: a boa música. Desculpem lá a interrupção mas tem de ser: fui enganado na barraca dos cachorros. Diziam que eram fantásticos, mágicos e outras coisas que tal. Népia. Um mísero molete daqueles ensacados do Continente, meio adocicado, com uma triste e solitária salsicha. Deve ser essa a psicologia da coisa. Mas vamos ao que interessa.
Que grande concerto! A loucura em palco. Os canadianos deram tudo. Na terceira música já suavam que nem as cascatas do Gerês em pleno inverno. Repito, uma coisa de outro mundo. Assim só me lembro dos Prodigy no Imperial ao Vivo, dos Placebo no Coliseu ou os U2 em Alvalade na Vertigo Tour. Meus amigos, estes Arcade Fire são fogo em palco. Nem tenho palavras para descrever. Fantástico.

Agora, só me apanham no Sudoeste. Na expectativa de gostar mais do que no ano passado que valeu apenas pelo "Final Fantasy", um projecto saído sabem de onde? Do Canadá, via Arcade Fire. Eles andam aí. Ainda bem.

Para terminar, que a prosa já vai longa, um último apontamento sobre as crianças. Durante todo o concerto dos Arcade Fire, três crianças que bebericavam cerveja e Red Bull, conseguiram o fenómeno de não se calarem durante os 75 escassos minutos que durou o concerto. Um deles, com cabelo que não via água há três quinze dias. Só me resta uma mensagem para estes "modeiros": duas nesse, era o que era!

2 comentários:

NaRiZiNHo disse...

LOL
Eu também não tive oportunidade de assistir ao Imperial ao Vivo, julgo ter sido no ano de 97 :(, frequências na faculdade!!!
Adorei este pequeno relato ihihi, gostos musicais em comum (só uma nota: adorei ver os placebo no coliseu, mas gostei muito mais dos U2 em 97 do que em 2005).
:-*

Pedro Póvoas disse...

Fernando, discordo com o que dizes do Sudoeste. É certo que, outrora, já foi um grande festival. Hoje é apenas uma "vanity fair", e das grandes. Já se via isso o ano passado (tu sabes, estiveste lá) e, pelo que sei, confirmou-se este ano - é o festival "dos morangos". A música é secundária... o pessoal vai pelo "espírito" (que nunca conheceu) e pelo "convívio" (alimentado pelas drogas, álcool e futilidades). Um bom concerto é desvalorizado, sendo preferível mostrar a roupinha nova pelo acampamento, ou "fumar umas brocas" em pleno recinto, para se mostrar o quão "cool" (or not) se é no auge da puberdade.

Valha-nos Paredes de Coura. Ainda há quem vá a festivais de música pela música. E isso começa a ser raro.